Reencontro. Dias perfeitos.

A essa altura minha família toda estava sabendo que eu estava 'namorando' um muçulmano.
Meu pai, minha mãe diziam a todo momento que isso era loucura. Que eu iria sofrer, que as chances de isso dar certo eram mínimas. Meu irmão dizia que não aprovaria nunca, meus tios todos diziam que ele queria se aproveitar de mim, como? se nem mesmo um beijo na boca aconteceu? Eu estava certa. Estava certa de que era isso o que eu queria. Era isso e pronto. Não precisava ouvir de ninguém que não daria certo. Que isso era loucura. Era disso que eu precisava, dele ao meu lado. 
Eu senti uma necessidade de mudança. Mudar. Por ele, pelo amor, por mim. A minha vida aqui no Brasil era de casa pra faculdade, da faculdade pra casa. Isso me fazia bem. Eu fazia isso porque eu sentia necessidade de ser fiel à ele, queria que desse certo, queria que valesse a pena. E aos poucos fui me tornando uma pessoa melhor. Comecei aos poucos estudar o islamismo. Usar roupas adequadas. Fiz isso sempre por vontade própria, o Waqas nunca me forçou a nada. Tanto que quando disse à ele que estava estudando o alcorão, e estava desejando muito me converter ao Islamismo, ele disse pra que eu pensasse bem antes de fazer essa escolha, se era isso mesmo que eu queria, se eu estava fazendo isso por Alá ou somente para ficar com ele. Que isso tem que ser espontâneo, tem que ser vindo de dentro da pessoa.. Eu disse que quando nos reencontrássemos conversaríamos mais sobre isso.
Aí que vem a parte boa!=D Meu amor disse que já estava na hora de nos vermos. E como seria "very complicated" ele providenciar visto para vir para o Brasil, ele decidiu que eu iria para Dubai =D Que notícia maravilhosa!!! No mês de setembro fui para Dubai.
Com medo confesso. Eu conheceria agora o mundo dele. A casa onde ele vivia em Dubai, seus amigos, seu dia-a-dia, e estava indo sozinha.
Cheguei em Dubai encantada com a cidade. Os arranha-céus, as pessoas, as ilhas.
Estava euzinha, sentada aguardando meu amor, lendo as mensagens no celular, uma dizia que ele iria se atrasar 10 minutinhos por conta do trabalho. Fiquei lá esperando.
Não sei se era a saudade rs Mas quando o vi, o achei mais bonito ainda do que na última vez. Nos abraçamos tão forte, tão forte. Foi tão maravilhoso. Como nesses últimos 7 meses nos falamos desejando um abraço, pelo menos a presença ali, e agora estávamos juntinhos outra vez,um pertinho do outro, parecia um sonho.
Almoçamos num restaurante pertinho dali. Ele me disse que eu ficaria na casa de uma tia dele. Por que as pessoas poderiam pensar mal e ele achou melhor assim. eu: how? not you tell me?!(como?você não me disse?!) assustadíssima.
Fiz logo a pergunta: -Ela é muçulmana?
Ele disse que sim. Mas que eu iria gostar dela. Ela era bem flexível e os dois já tinham conversado sobre a situação. E mais, ela era muçulmana revertida, ou seja, ela também já passou por isso um dia.
Tudo bem. Ela me recebeu muitíssimo bem mesmo, nos cumprimentamos, e começamos a conversar. Conversamos sobre casamento, sobre filhos, sobre o Waqas *-* sobre os pais dele, sobre o que ela também já passou antes da conversão, enfim, foi uma conversa muito agradável. 
Arrumei minhas coisas no quarto onde iria ficar, e deitei na cama.
Quando Waqas chegou.
Nem preciso dizer como era quando estávamos juntos. Em como aquilo estava sendo mágico para mim.. Aceitar sem entender muito aquele jeito dele de amar. Aquela intimidade sem ao menos termos nos beijado. Era incrível!
Naquele noite conversamos bastante. Ele falou que os pais o aconselharam muito, quando eu viesse pra Dubai que ele ficasse o mais distante de mim possível, porque é Haraam(pecado) sexo antes do casamento, e que houvesse respeito,e etc.
Foi a primeira vez que falamos de casamento.
O Waqas começou dizendo que, não poderíamos ficar o resto da vida daquele jeito, 20 dias juntos, 6,7 meses separados. Vamos nos casar?
Outro susto. Eu disse que sim. ué? Era isso o que eu esperava. Queria. Desejava. Que assim seja.
Ficamos oficialmente NOIVOS Núchkôr Állah!
Passeando por Dubai, via muitas mulheres usando o hijab, e achava lindo *-*
Fui ao shopping e comprei vários, vários hijabs, varias abaias, e dali pra frente usaria o hijab.
Passei a usar o hijab como forma de preservar-me, proteger a minha modéstia e honra, Deus o Altíssimo o diz no Alcorão Sagrado.
Meu noivo ficou orgulhosíssimo pela decisão. Em como eu estava me dedicando para ser uma boa muçulmana desde já, uma boa esposa, uma amiga e companheira dele.
Dias depois conheci uma de minhas cunhadas, a irmã do Waqas. Ela também ficou muito feliz ao me ver usando o hijab, e ao ver que eu estava dedicada à estudar o alcorão.
E dias depois uma supresa! A mãe do Waqas, ou seja minha sogra, viria à Dubai. Uau!
Aquele medo todo caiu por terra quando a conheci. Um amor de pessoa. Todos muito orgulhosos de mim. Isso me fazia muito bem. Eu nunca fui tão feliz!
Foram dias maravilhosos. Perfeitos. Pude conhecer mais amigos do Waqas.
Naquele momento, ninguém mais poderia dizer que ainda era cedo pra casarmos. Que era cedo pra isso, cedo pra aquilo. Todos já até tinham se acostumado. O choque inicial de um muçulmano filho de uma família tradicional paquistanesa noivo de uma cristã do ocidente já havia passado.